Chay Suede nunca pensou em ir à
Califórnia (EUA) nem ser artista de cinema, mas sabia que sua estrela já
brilhava forte em algum plano. Ao participar do reality musical
“Ídolos”, em 2010, entrou na sala de audição com uma segurança incomum a
um menino de 17 anos, tocando sua gaita, e avisou através dos versos de
Lulu Santos e Nelson Motta: “O meu destino é ser star” . Saiu apenas em
quarto lugar do programa, mas já com contrato para fazer a novela
“Rebelde” e centenas de fãs adolescentes loucas por aquele par de olhos
hipnotizantes, que vez ou outra deixa o seu entorno em profundo
silêncio. Mas foi após interpretar o protagonista José Alfredo, nos
primeiros capítulos de “Império”, que o capixaba caiu de vez nos braços
do povo e passou a ser reconhecido por onde passa.
— “O meu destino é ser star”… Nunca
parei para pensar nisso. Engraçado que, na primeira vez que apareci na
TV, estava segurando uma placa escrito “Ídolos” e gritando “eu vou ser o
novo ídolo do Brasil”. Dá para perceber que estava morrendo de
vergonha. Era muito tímido e tive que repetir várias vezes. Pensei: “que
frase pretensiosa”. Em seguida cantei isso. Foi coincidência — conclui
Roobertchay Domingues da Rocha Filho, Chay desde criança e Suede a
partir do reality show, em homenagem ao filme “Johnny Suede”, com Brad
Pitt.
O ator-cantor ainda se sente surpreso com a repercussão de seu último papel:
— Não imaginava esse sucesso, numa novela das
nove, com um personagem aceito pelo Brasil como há muito não se via nas
novelas. Nem no meu melhor sonho projetei isso.
Após os quatro capítulos em que ficou no ar, a agenda do moço
precisou de reforço. Com um disco para gravar, dois filmes já rodados,
dois por fazer e mais dois a serem estudados para depois de gravar
“Babilônia”, novela que substituirá “Império”, as cerca de três horas
dormidas por noite são compensadas pelo reconhecimento.
— Está muito corrido, mas gostoso. São, no mínimo, três compromissos
de trabalho por dia. Tenho feito coisas que nunca fiz, falado com
veículos que nunca me entrevistaram, conhecendo pessoas e lugares. É uma
descoberta constante no meio da correria — empolga-se o músico e ator,
procurando em seu celular a melhor trilha sonora para embalar a sessão
de fotos e a entrevista: — Coloquei Paul McCartney e agora vou de
Rosetta Howard em uma coletânea de blues que tenho.
Morando atualmente no Jardins, região nobre
de São Paulo, Chay já faz planos para ter seu primeiro imóvel com o
retorno dos trabalhos, e lista as conquistas que obteve com o dinheiro
que vem ganhando.
— Gastei muito com roupa, comida, festa,
carro, moto… E dei muito. Não tenho o menor apego com grana. Está
precisando? Toma! Moro num apartamento alugado, mas quero ver se até o
fim do ano compro alguma coisa, talvez esse mesmo. Sempre penso que meu
imóvel será em São Paulo, mas quero também comprar uma chácara ou uma
casa grande aqui no Rio, em Vargem Grande (Zona Oeste). Aí tem que ter
mais dinheiro — reflete.
Hérica Godoy, de 41 anos, é quem ajuda o primogênito a afinar sua vida pessoal.
— Até pouco antes do “Ídolos” eu vendia
carros. Hoje o dinheiro que recebo vem dele. Ele é meu patrão! — brinca a
mãe, que muda o tom da voz ao lembrar dos tempos difíceis: — Passamos
dificuldade, mas nunca necessidade. Com 15 anos, ele teve que estudar em
escola pública porque as coisas apertaram mais.
O pai, Roobertchay Rocha, de 44 anos, também se mostra zeloso com as finanças do herdeiro:
— Certa vez, um amigo em comum estava
desempregado e precisava de R$ 12 mil para não perder o apartamento que
morava. Chay ajudou na hora. Mas agora puxo mais a orelha dele. Ele tem
que investir num imóvel.
Entre uma declaração apaixonada pelo filho e
outra, o promotor de eventos ri quando lembra que casou com a mãe do
ator por causa do nome e jura nunca ter tido qualquer problema com o
dialeto inventado pelo pai, Salivaríamos de Paula Rocha, em que
Roobertchay significa rocha.
— Com 17 anos, estava de olho numa menina e, quando falei meu nome, a
amiga dela, a Hérica, disse que, se um dia se casasse, colocaria o meu
nome no filho. E casou com o próprio! Furou o olho da amiga! — brinca o
grande parceiro de Chay, lembrando do melhor presente que já recebeu num
Dia dos Pais: — Sem dúvida foi ele, meu primeiro filho! Eu estava louco
para ser pai! Este dia é sempre uma festa, porque faço aniversário 17
de agosto, então sempre comemoramos juntos. Ele me mandava cartinhas,
fazia declarações. Até hoje me liga para dizer que sou a pessoa mais
importante da vida dele.
Hérica separou-se do pai de Chay quando o menino tinha 8 anos e seu
irmão, Henrique, 6. Casou-se novamente e, deste relacionamento, teve
Anelise, de 8 anos. Já o pai teve ainda Guilherme, de 10, Luiza, de 8, e
Maria de 5.
— Eu não tinha nem 20 anos quando o Chay nasceu. Era meu sonho ser
mãe e parei de tomar remédio com dois meses de casada. Cheguei a sofrer
um aborto antes dele. Então, pense numa criança totalmente paparicada,
amada. E ainda era o primeiro neto na minha família!
Nada de rebelde
Com jeito doce, porém firme, de falar, Chay
enfatiza que nunca falou palavrão na frente dos pais e que ficção e
realidade não se encontram na mesma melodia.
— Sempre fui muito comportado em casa. Nunca
dei trabalho à minha mãe. “Não” era “não”. Nunca disse um “merda” ou
“droga”. Mas na escola era mais bagunceiro. Minha mãe era chamada todo
mês. Não gostava de estudar, mas no fim tirava nota boa.
Hérica valida a posição do filho, mas não deixa escapar o dia em que Chay teria cometido sua maior rebeldia:
— Com 15 anos, ele estava começando a sair e
um dia chegou em casa e não falou nada. E ele sempre conversava comigo!
Entrei no quarto, o mandei abrir a boca e senti cheiro de cerveja.
Confesso que a bronca foi exagerada, mas era para ele aprender.
Durante as gravações de “Rebelde” e dos shows
do grupo Rebeldes, formado pelos protagonistas da novela, uma
reportagem na internet adotou o nome do folhetim como uma característica
de Chay. O então menino cogitou desistir de tudo, mas mostrou a
persistência que carrega do pai e do avô.
— Nunca dei problema de bastidor. Escreveram
num blog que eu queria um camarim exclusivo para mim. Em 2010 não sabia
como era camarim e jamais ia pedir em nenhum momento da minha vida.
Chorei. Tinha acabado de chegar no Rio, com 18 anos. Quis ir embora. Aí
disseram que puxei faca para o diretor (Daniel Ghivelder). Isso é grave.
E ele é amigo meu. Tivemos uma discussão, mais para conversa. Fiquei
muito estressado, mas estou feliz porque agora, com “Império”, só saíram
coisas positivas. Tenho certeza de que o grande público não faz ideia
que um dia fui tratado como um rebelde.
Impressão de indomável desfeita, descortina-se um Chay mais impositivo.
— Sou o ser mais pacato do mundo. Mas acho
que a gente não pode ser banana e bunda mole nessa vida. As pessoas
acham que a gente não escuta, não sente, que nada nos afeta. A gente é
gente, com carne de verdade! Se algum momento busquei satisfação com
jornalista que falou algo de mim é porque acho que qualquer pessoa faria
isso — diz, batendo a mão no braço, mostrando as veias, e os pés no
chão.
Solto no mundo
Solteiro após terminar um relacionamento de
três anos com a também atriz e cantora Manu Gavassi (antes ele se
relacionou com Sophia Abraão), Chay diz que não sente falta de uma
companheira. Nega estar namorando a atriz Laura Neiva (a Betina de “O
rebu”), apontada como um novo affair, e diz o que o faria dedilhar a
mais bela canção em seu violão.
— Não estou namorando nem pegando. Estou
trabalhando muito. Não é porque não quero. Não tenho tempo! Essa é a
primeira vez que estou solteiro depois de ter feito alguma coisa na TV.
Estou gostando porque consigo me dedicar aos afazeres. Está bom como
está. Não estou sentindo falta — frisa o ator, que não exige grandes
feitos na hora da conquista: — É só dar um sorriso bonito e me esperar!
Admirador de lábios carnudos, Chay não se
intimida ao afirmar que é namorador. Lembra que, afinal, só tem 22 anos!
Traumatizado com o primeiro beijo, denuncia, porém, dificuldade inicial
com as mulheres.
— Perdi o “BV” (boca virgem, na linguagem dos
adolescentes) com 11 anos. A menina me agarrou! Ela tinha 15 e se
apaixonou por mim, não sei como. Disse para meu pai que estava querendo
dar uns beijos nela. Na hora, gelei. E ela veio com tudo. Foi meio
assustador. Era muito intenso. Fui beijar de novo só um ano depois e aí
gostei muito — sorri malandramente: — Mas minha primeira vez foi ótima.
Deu tudo certo. Foi com 14 anos.
Hérica ri da história, mas garante que os primeiros acordes do filho começaram bem antes disso:
— Quando o Chay tinha 2 anos estávamos na
casa de uns amigos. Era Copa do Mundo de 94. Num determinado momento
começamos a procurar a filhinha do casal e percebemos que Chayzinho
tinha sumido também. Quando vimos, os dois estavam embaixo da bandeira
do Brasil se beijando. Ele é muito precoce. Na festa de aniversário de 1
ano ele recebia os presentes e respondia com “obligada”.
No embalo das lembranças, a empresária narra um sufoco que seu filho passou aos 17 anos por conta de suas aventuras amorosas:
— Uma namoradinha desconfiou que estava
grávida e ele não queria me contar. Sem dinheiro para comprar o teste de
farmácia, ele e um amigo se fantasiaram de personagem de cinema. Estava
tendo uma mostra de filmes na Ufes (Universidade Federal do Espírito
Santo) e eles foram para o sinal pedir dinheiro para o evento. Compraram
o teste e, graças a Deus, deu negativo! Gostaria muito de ser avó, mas
aguento mais cinco ou seis anos!
Acostumado às investidas de meninas mais
novas, agora Chay acha graça do assédio de um público, digamos, mais
experiente, após “Império”.
— Uma coroa uma vez disse “Oh, Zé, tem uma
mina lá na minha cama” — conta, meio que impactado com o atrevimento: — E
um amigo meu chegou e disse: “Você reacendeu o fogo da minha avó”. É
uma honra!
Fonte: Ch.Suede
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