domingo, 29 de junho de 2014

Entrevista da Mel feita pela Glad Magazine

 

 Como sabemos a Revista Glad não é mais publicada, e a Mel fez uma entrevista para a revista. E em primeira mão iremos postar para vocês! 
 
Entrevistador: Inclassificável é um livro profundo, intenso e muito bem escrito. Antes dele você já pensava em escrever livros? Escrever já é uma rotina antiga sua?

  • Mel: Sempre gostei muito de escrever, desde menina. Comecei jornalismo no Sul e escrevia para o jornal da cidade. Os livros sempre foram presentes na minha vida, nutria um desejo secreto de um dia também escrever o meu. Mas inclassificável acabou nascendo, como tudo aquilo que é genuíno. Quando eu percebi havia uma compilação de crônicas e fragmentos poéticos interligados pelo mesmo fio condutor e aí a vontade de publicar. Escrever faz parte da minha rotina e da minha vida, acho que é meu jeito de divagar em silêncio sobre as idéias que me arrebatam.

Entrevistador: No livro, percebemos vários tipos de sentimentos e de diferentes situações. A inspiração das crônicas, poesias e pensamentos sempre foram de experiências pessoais?

    • Mel: Eu vejo o mundo pelo viés da poesia. Opto por perceber as miudezas através do lúdico, das rimas, das imagens sobrepostas que as palavras proporcionam. Desde muito pequena eu gostava de escrever e de brincar com a escrita, tive bons estímulos familiares para isso. As crônicas para mim nascem da necessidade de um formato literário que acompanhe o nosso ritmo, assim como os haikais cumprem bem essa função, apesar de estarem na poesia há muito tempo. Tem uma frase do Sartre que eu gosto muito, que diz “Não se é escritor por ter escolhido dizer certas coisas, mas sim pela forma como as dizemos.”

Entrevistador: Durante seu trabalho em Rebelde, você esteve muito ligada a música e agora conhecemos o seu lado criativo, como escritora. Já pensou em juntar as duas artes e compor músicas?

    • Mel: Muita gente me pergunta isso. Eu gosto de escrever e gosto de cantar. Mas para mim compor é a arte de encantar as palavras. Fazê-las dançarem na melodia, acho que isso eu não sei fazer. Tenho vontade de um dia entregar uma poesia para um compositor e perguntar se ele acha que funciona. Mas daí a compor eu já acho muito difícil, coisa de profissional mesmo. Desde que trabalhei com música admiro cada vez mais quem faz isso profissionalmente.

Entrevistador: Em algumas entrevistas você diz que se considerava uma “atriz cantante”. Você teve  alguma dificuldade em se envolver no mundo musical? pensa em cantar novamente?

   • Mel: Não, foi maravilhoso. Eu cresci vendo meus pais cantarem e tocarem. Os churrascos na minha casa sempre acabavam em roda de música. Mas é diferente você fazer um trabalho que envolve a parte musical e seguir uma carreira como músico. Eu gosto daquilo que faz sentido para mim, que de alguma forma me apaixona. Então se tiver música eu vou cantar, se tiver dança eu vou dançar. Desde que me alimente. Achar que há barreiras entre os diálogos da arte, isso sim é limitação.

Entrevistador: Você fez um grande trabalho como atriz e embora tenha pouco tempo de carreira, já ganhou prêmios importantes do Brasil. Você tem planos para a atuação? TV, cinema?

   • Mel: Foi incrível ter atuado com tanta intensidade em tão pouco tempo. Muitos frutos e aprendizados eu pude colher disso. Acho a atuação uma forma linda de expressão do mundo. Poder ser tantas outras é absolutamente incrível. Na escrita eu também posso ser muitas, na vida a gente pode ter tantas e tantas facetas. Gostaria sim de fazer outro trabalho, aprender um pouco mais. Vou esperando a hora da colheita, o plantio segue acontecendo.

Entrevistador: Você está sempre linda. Quais são os seus cuidados com você mesma? é do tipo que se cuida muito?

   • Mel: Sou vaidosa sim, mas acho que sou vaidosa no limite. Ultimamente tenho me preocupado em estar bem internamente, com a cabeça boa para trabalhar. Adoro ser mulher, adoro o feminino que nos é de direito. Não nego esse papel. Tento me sentir bem, me sentir amada, segura do que sou. Acho que isso reflete por fora. Mas sim, também adoro me maquiar, usar salto, me olhar no espelho e gostar do que eu vejo.

Entrevistador: E como mantém a forma?

   • Mel: Tenho sempre uma balança imaginaria para cuidar da forma sem deixar de aproveitar as coisas boas da vida. Cuido da alimentação, faço exercício físico, mas sei que posso compensar aqui para abusar ali, se não é muito complicado. Neurose não combina com saúde, então eu uso o meu bom senso. Eu amo cozinhar, não dá para ficar vendo os outros comendo. No outro dia, a esteira já acorda comigo.

Entrevistador: Como você se veste no seu dia-a-dia?

    • Mel: À vontade. Amo vestidos longos e roupas que me deixem livre. Gosto do básico também, calça jeans, camiseta branca. Depende da ocasião, mas na minha intimidade eu sou mais fluída nas minhas roupas

Entrevistador: Você acompanha as tendências? é ligada em moda?

    • Mel: Não. Acho que é do meu signo. Tenho uma alma velha demais para saber o que é tendência essa semana e já não é mais na outra. Claro que gosto de estar bem, mas eu invento a minha moda. Acho que o principal da moda é respeitar as proporções. O que fica bem em alguns, não funciona para outros. A moda não pode uniformizar as pessoas, cada um com o seu corpo e com o seu gosto.

  Entrevistador: Você tem uma voz muito ativa entre crianças e adolescentes. Como é essa responsabilidade? Já deixou de fazer algo para ser um bom exemplo aos seus fãs?

   • Mel: Penso muito nisso sim. São pessoas em formação social e, principalmente, em formação artística. Me preocupo em ser um exemplo, não só para eles, mas para mim mesma. Acho que incentivar a poesia e a leitura fazem parte disso. Foi o que me formou como pessoa sensível, então eu tento compartilhar.

Entrevistador: Grandes trabalhos causam uma grande exposição na mídia e um dos lados negativos é a falta de privacidade. Como você lida com isso?

   • Mel: Faz parte. É o efeito colateral de um remédio e não o que ele faz de fato. Tem que administrar, não é fácil, porque a tendência é as pessoas se preocuparem com o raso, com aquilo que é o mais superficial de você. É difícil que a mídia esteja preocupada com a trajetória, com a caminhada que construímos. Mas não adianta brigar com essa situação, tem que ir acomodando. Acho que a postura de cada um dita muito a postura do outro lado. Eu não fico colocando a minha privacidade na fogueira, então as especulações são menores.

Entrevistador: Você é nossa capa de Março, um mês especial graças ao dia internacional das mulheres. Quando você percebeu que passou de menina para mulher e o que “ser mulher” significa pra você?

   • Mel: Faz tempo que eu não me vejo mais menina. Saí de casa cedo, isso amadurece a gente na marra e eu sempre fui mais madura, desde nova. Quando a gente recebe contas para pagar e tem que tomar as próprias decisões, acho que bate uma sensação diferente. Vida de gente grande dá trabalho, então é fácil reconhecer. Eu vou citar Adélia Prado porque para mim, ser mulher é como ser o mundo inteiro. “Mulher é desdobrável, eu sou.”

Entrevistador: Quando estava pensando nessa capa especial, eu disse na internet que queria uma mulher que me inspirasse, então seus fãs me deram seu livro e me apaixonei e fiz o convite pra capa. Você tem inspirado muitas pessoas com suas palavras e prova que é muito além de uma mulher bonita. Mas e quem inspira você? Quais são as suas referências?

  • Mel: Que coisa boa de ler! Bom ser motivo de inspiração e que bom que as minhas palavras te encontraram. Eu me inspiro em quem eu conheço. Uma coisa é admirar alguma atriz conhecida, alguma mulher que tem uma imagem que serve de exemplo, outra bem diferente é admirar quem a gente conhece de verdade, com as coisas boas e com os defeitos. Isso sim é admiração, no sentido total da palavra. Eu admiro a minha mãe, as minhas avós, as minhas tias, algumas poucas amigas. Essas mulheres que me ensinaram valores, que me ensinaram a continuar caminhando, mesmo quando eu estivesse cansada. Admiro a minha mãe porque é a mulher mais batalhadora que eu conheço. Ser um pouco como ela, já seria suficiente para mim.

Entrevistador: O que podemos esperar de Mel Fronckowiak neste ano?

   • Mel: Podem esperar que ela continue aqui, a mesma Mel, cheia de idéias na cabeça e amor pelas coisas que faz. Vou continuar colhendo aquilo que me apaixona e que me faz orgulhosa. Sim, não pretendo fazer nada que não alimente o que me constrói.

 Agora são perguntinhas de fãs… Responda as que quiser.

Entrevistador:  Com qual ex-Rebelde você tem mais contato?

   • Mel: Lua Blanco e estou morrendo de saudades!

 Entrevistador: Quando você vai voltar a postar mais na internet?

   • Mel: Hahahaha! Provável que eu sempre tenha que ser cobrada sobre isso, quando for de verdade, eu posto, não para cumprir um protocolo da modernidade.

Entrevistador: Que tipo de música você anda ouvindo?

  • Mel: As músicas que me lembram bons momentos. Ultimamente muita música clássica (tenho fases com as escolhas musicais)

Entrevistador: Você está apaixonada? 


   • Mel: Sim. A vida urge pelas paixões!

 Entrevistador: Você está escrevendo outros livros?

    • Mel: Estou escrevendo. Ponto. Depois eu pego essa caixa de retalhos e vejo se dá pra transformar numa colcha

Entrevistador: Onde você está morando?

   • Mel: No Rio de Janeiro

 Entrevistador: Como surgiu o convite para Dulce Maria escrever o prefácio do seu livro? Vocês ainda tem contato?

   • Mel: Temos, ela é muito querida. Dulce também escreve e foi gentil aceitar o convite e assinar o meu prefácio. A gente se reconhece nessa solidão que mora entre as linhas.

 Entrevistador: Qual a coisa mais divertida que já fez? E estranha?

   • Mel: Fui num parque de montanha russa. Alucinante. E a mais estranha? Tenho hábito de visitar cemitérios. Já entrei num velório sem conhecer ninguém.

 Entrevistador: O que te faz feliz?

  • Mel: Me sentir produtiva, me sentir amada

 Entrevistador: O que te emociona?

    • Mel: Relações entre pais e filhos

 Entrevistador:  O que te dá raiva?

   • Mel: Falta de educação, grosseria. 

Fonte: Central Fronckowiak

Nenhum comentário:

Postar um comentário